Saiba como funcionam os escalões e tabelas IRS
Saiba como os escalões e as tabelas IRS funcionam e o que mudou em 2025. Planeie os seus impostos connosco e evite surpresas.
Escalões e tabelas IRS: saiba como funcionam e planeie
É verdade que ninguém quer pensar em escalões e tabelas IRS, mas, mais cedo ou mais tarde, acaba por ser inevitável. Afinal, ninguém fica indiferente ao destino de uma parte do salário no final do mês ou à razão pela qual uns recebem reembolso e outros têm de pagar. Compreender o essencial pode não ser entusiasmante, mas evita preocupações e permite poupar dinheiro.
Portanto, se quer esclarecer estas dúvidas e descobrir como tirar melhor partido das regras do IRS, este guia é para si.
O que são os escalões de IRS?
Antes de discutirmos o que são escalões e tabelas IRS, convém explicar o que é o rendimento coletável. Este é o valor do rendimento anual depois de serem retiradas certas deduções específicas. Por exemplo, para quem tem um salário, normalmente faz-se a soma dos salários brutos do ano, e depois são abatidas algumas deduções, como contribuições para a Segurança Social ou despesas profissionais (no caso de trabalhadores independentes), para se chegar ao valor final considerado para tributação.
A forma como o rendimento coletável é apurado pode variar conforme a fonte de rendimento. Não é apenas o trabalho dependente que conta. Se existirem rendimentos prediais (como o arrendamento de um imóvel), rendimentos de capitaisVocê será redirecionado para outro site ou mais-valiasVocê será redirecionado para outro site, tudo isto pode entrar no cálculo final. Em muitas situações, cada tipo de rendimento pode ter regras específicas para determinar exatamente quanto deste valor entra no montante que será sujeito a imposto.
Assim, quando se fala em escalões IRS, está-se a falar das faixas de rendimento coletável e das suas taxas respectivas.
Como funcionam?
O sistema é progressivo, o que quer dizer que, se se ultrapassa um escalão, só a parte do rendimento que excede aquele patamar é tributada à taxa do escalão seguinte. Isto impede que, por se ganhar ligeiramente acima de um certo limite, todo o rendimento passe a ser tributado a uma taxa mais alta, situação que, por vezes, pode gerar dúvidas.
Cada escalão tem uma taxa normal e uma taxa média. A taxa normal é aplicada apenas à parte do rendimento que ultrapassa o limite do escalão anterior, enquanto a taxa média representa o valor efetivo a pagar em relação ao total do escalão, servindo de orientação para os cálculos quando se usa o método de duas parcelas (uma a taxa média, outra a taxa normal). O ideal é não complicar demasiado esta explicação; entender que os primeiros patamares são tributados a uma taxa mais baixa e os últimos patamares a uma taxa mais alta é, em muitos casos, suficiente para planear a vida financeira.
Também é importante saber que os escalões não existem de forma isolada: a taxa final a pagar pode sofrer deduções consoante o agregado familiar, dependentes, despesas de saúde e educação, e outras variáveis. Tudo isto se reflete no valor final apurado no momento da declaração de IRS.
Por fim, para ficar claro, cada contribuinte precisa de saber qual é o seu rendimento coletável, pois é sobre ele que incide a aplicação dos escalões. Sem conhecer este valor, é difícil estimar de forma precisa qual será a taxa de IRS aplicável.
Caso tenha acesso ao IRS automático, pode aceder ao portal das FinançasVocê será redirecionado para outro site e encontrar o simulador que irá ajudá-lo a perceber o valor que irá receber ou pagar.
Exemplos práticos de aplicação dos escalões
Quer compreender em detalhe o cálculo efetivo? Veja o exemplo seguinte.
O Miguel é um contribuinte cujo rendimento bruto anual é de 22.933 euros em 2025, proveniente de trabalho dependente.
De acordo com a sua categoria, a A, seria aplicada uma dedução específica de 4.462,15 euros (8,54 vezes o valor do IASVocê será redirecionado para outro site em 2025).
O rendimento coletável corresponderia, então, à diferença entre os 22.933 euros e os 4.462,15 euros, ou seja, 18.470,05 euros.
De seguida, seria necessário consultar os escalões de IRS:
Escalões de IRS com base no Orçamento de Estado de 2025
Rendimento coletável | Taxa normal | Taxa média |
---|---|---|
Primeiro escalão: até 8.059€ | 13,0% | 13,0% |
Segundo escalão: de 8.059€ até 12.160€ | 16,5% | 14,18% |
Terceiro escalão: de 12.160€ até 17.233€ | 22,0% | 16,482% |
Quarto escalão: de 17.233€ até 22.306€ | 25,0% | 18,419% |
Quinto escalão: de 22.306€ até 28.400€ | 32,0% | 21,334% |
Sexto escalão: de 28.400€ até 41.629€ | 35,5% | 25,835% |
Sétimo escalão: de 41.629€ até 44.987€ | 43,5% | 27,154% |
Oitavo escalão: de 44.987€ até 83.696€ | 45,0% | 35,408% |
Nono escalão: acima de 83.696€ | 48% | - |
O montante tributável de 18.470,05 euros seria dividido em duas partes:
- A parcela dentro do terceiro escalão.
- A diferença que ultrapassa este valor, aplicada a taxa normal do escalão seguinte (o quarto).
Os cálculos seriam então:
-
Cálculo 1: 17.233 euros multiplicados pela taxa média do terceiro escalão, resultando em 2.840,34 euros.
-
Cálculo 2: A diferença entre o montante total e a faixa anterior (18.470,05€ - 17.233€), ou seja, 1.237,05 euros, multiplicada pela taxa normal do quarto escalão, resultando em 309,26 euros.
Somando ambos os valores, obtém-se o total de imposto a pagar, que seria de 3.149,60 euros (2.840,34€ + 309,26€).
Este valor, no entanto, não corresponde ao valor final de IRS de 2026, uma vez que ainda devem ser consideradas as retenções já efetuadas e as deduções aplicáveis.
Para realizar os cálculos da declaração que ocorrerá este ano, verifique os escalões de 2024 aqui.
O que são e para que servem as tabelas IRS?
Após compreender os escalões, é natural surgir a questão: mas, afinal, qual é o propósito das tabelas IRS? A resposta é simples: servem para definir, mensalmente, o montante a reter do rendimento, garantindo o pagamento do imposto de forma faseada.
Quando se recebe um salário ou uma pensão, já vem descontada a Segurança Social e a retenção na fonte de IRS. Este valor descontado mensalmente é definido pelas tabelas IRS, que consideram o rendimento bruto, o estado civil, o número de dependentes e outras variáveis. O objetivo é que, no final do ano, quem teve rendimentos durante este período já tenha antecipado uma parte significativa do imposto devido.
As retenções na fonte são uma estimativa, por isso o valor retido todos os meses pode ser maior ou menor do que o necessário. Quando a declaração de IRS é entregue, verifica-se se não há nada a pagar ou receber, se há direito a reembolso (quando foi retido a mais) ou se é preciso pagar a diferença (quando foi retido a menos). Se houve retenção a mais, o contribuinte recebe o reembolso; caso contrário, terá de pagar o que falta.
Quer perceber como a sua retenção é calculada? As tabelas IRS estão disponíveis para consulta no portal das FinançasVocê será redirecionado para outro site.
Quais são as diferenças entre escalões e tabelas IRS?
De forma resumida, os escalões determinam a taxa efetiva a aplicar ao rendimento coletável anual, enquanto as tabelas IRS definem a taxa mensal de retenção, tentando aproximar ao máximo este pagamento ao valor final.
Esta distinção é importante para evitar confusões. Por vezes, confunde-se a taxa de retenção mensal com a taxa efetiva de imposto. São conceitos complementares, mas diferentes. A taxa efetiva do imposto só se conhece, de facto, quando se faz o apuramento final, já que depende do rendimento coletável anual, das deduções e de outros fatores pessoais, como o estado civil e o número de filhos ou ascendentes a cargo.
O que mudou no Orçamento do Estado de 2025?
O Orçamento do Estado de 2025 trouxe alterações destinadas a compensar a inflação e a estimular os rendimentos dos jovens. Os limites dos escalões foram ajustados em cerca de 4,6%, evitando que pequenos aumentos salariais resultem em mudanças para taxas mais elevadas. Para além disto, o IRS Jovem foi estendido até um máximo de dez anos, com isenções progressivas aplicáveis a quem tem até 35 anos, independentemente do grau académico.
Por último, a dedução específica foi reforçada, passando a equivaler a 8,54 vezes o IAS, o que reduz a base tributável tanto de trabalhadores como de pensionistas.
Como planear-se para saber o que irá pagar de IRS?
Saber quais são os escalões de IRS e como funcionam as tabelas de retenção na fonte é apenas o início. O passo seguinte está em usar esta informação para um planeamento financeiro que permita pagar apenas o necessário.
Veja algumas sugestões para evitar surpresas na hora de submeter a declaração de IRS.
Sugestões:
Acompanhar o rendimento ao longo do ano Se os rendimentos variarem, é útil registar ou calcular uma estimativa do rendimento coletável. Assim, pode ter uma ideia clara sobre o escalão em que se encontra ou poderá atingir.
Verificar a retenção na fonte Se for trabalhador por conta de outrem, é comum confiar que a entidade empregadora faz tudo corretamente – e, na maioria das vezes, assim é. Ainda assim, confirmar se a taxa de retenção na fonte está certa não custa nada. Um erro na classificação (por exemplo, ser indicado como solteiro em vez de casado, ou dependentes não contabilizados) pode originar problemas mais tarde.
Guardar faturas e recibos relevantes Despesas relacionadas com saúde, educação, habitação, entre outras, podem ser deduzidas. Saber o que pode ou não ser incluído como dedução é uma vantagem para reduzir o imposto final.
Simular antes de entregar Utilizar simuladores de confiança, como os disponíveis no Portal das Finanças, ajuda a perceber se a retenção na fonte foi suficiente para cobrir o imposto devido. Se a simulação indicar um imposto significativamente superior ao valor já retido, pode ser sensato preparar-se e reservar algum dinheiro para o acerto.
Explorar benefícios fiscais O Estado oferece incentivos fiscais para quem investe em Planos de Poupança Reforma (PPR), como o PPR Futuro Garantido MAPFRE do ABANCA . Estes podem reduzir o imposto a pagar e devem ser considerados no planeamento.
Simplificar os pagamentos ao Estado Cumprir com as obrigações fiscais, como o pagamento do IRS, pode ser um processo complexo, mas existem formas de torná-lo mais prático. Utilizar serviços bancários que oferecem soluções intuitivas e seguras permite efetuar pagamentos ao Estado de maneira mais eficiente.